Ano Novo: Tradições que Marcam a Passagem do Ano

Ano Novo: Tradições que Marcam a Passagem do Ano

O ano-novo está à porta e os portugueses vivem esta data de uma forma singular, com usos, costumes e superstições que se perdem nos corredores da memória. Como surgiu a tradição de comer 12 passas, qual a origem da crença em vestir roupa azul ou nova, porque é que em certas zonas do país sai-se à rua a fazer barulho com panelas e tachos? Todos os modos e hábitos têm uma explicação, vamos desvendá-las.

As celebrações de Ano Novo na orla ocidental da Península Ibérica estão repletas de tradições que combinam fé, superstição e um espírito de renovação, onde transparece o mito popular de que tais manifestações atraem sorte e prosperidade para o ano que aí vem. Estas práticas, muitas delas partilhadas com outros países, nomeadamente Espanha e França, têm raízes históricas e culturais que as tornam significativas para um cuidado exercício de estudo.

Uma das tradições mais populares é o costume de comer 12 passas à meia-noite. A origem desta prática remonta ao final do século XVIII e início do século XIX, no seio das elites de Paris. A aristocracia francesa celebrava o réveillon com uvas frescas e espumante da afamada região de Champagne, um costume que rapidamente ultrapassou fronteiras e foi imitado por outras sociedades, com destaque para a nação da vertente mais a sul dos Pirenéus, muito por culpa das relações entre coroas,fortalecidas pela família Bourbón. 

Na segunda metade do século XIX, a sociedade madrilena adotou esta tradição, mas esta ganhou uma nova (e menos conciliatória) dimensão em 1880, quando o “ayuntamiento” de Madrid impôs uma taxa à festa do Dia de Reis. Em protesto, um grupo de cidadãos reuniu-se na conhecida “Puerta del Sol” na “noche vieja”, consumindo uvas maduras, com o pretexto de ridicularizar a alta sociedade da capital espanhola. Mais tarde, em 1909, uma grande produção de uvas em Alicante levou os produtores a promoverem pacotes de "uvas da sorte", ajudando a consolidar um hábito cada vez mais enraizado. 

Em Portugal, este ritual aparece sobre a forma de passa, devido à dificuldade de conservar uvas frescas até ao final do ano. Assim, estas foram substituídas por passas. Hoje, como no passado não muito distante, quando o som das 12 badaladas ecoa, os portugueses ingerem 12 passas, acompanhadas por 12 desejos, um para cada mês do novo ano.

Outra prática comum que poucos dispensam é o de usar roupa interior azul. Este costume, amplamente difundido em Portugal, acredita-se ser um símbolo de harmonia e boa sorte, realçando-se como a escolha ideal para iniciar o novo ano de forma auspiciosa. 

Semelhante no que diz respeito à natureza simbólica é o de estrear uma peça de roupa nova na passagem de ano é também visto como um gesto de renovação e esperança.

O gesto de "entrar com o pé direito" no novo ano é igualmente significativo. Muitos portugueses optam até por subir a uma cadeira ou degrau e descem com o pé direito à meia-noite, simbolizando um começo positivo. Esta prática, embora simples, carrega uma forte conotação de boa fortuna e prosperidade, em contraponto com a natureza do pé ou do braço esquerdo, sinónimos de mal-aventurança. Não é por acaso que os italianos chamam ao lado esquerdo “la sinistra”.

Fazer barulho com tachos e panelas ou assistir a espetáculos de fogo de artifício é uma tradição que se acredita ter mesmo raízes pagãs, usadas para afastar maus espíritos e energias negativas ou o silêncio e a escuridão assustadora da noite. Hoje em dia, os espetáculos de fogo de artifício em cidades como Lisboa, Porto e Funchal são momentos altos das celebrações, iluminando o céu, unindo multidões em celebração, atraindo, ano após ano, um cada vez maior número de turistas estrangeiros.

Outra tradição é ter dinheiro no bolso ou no sapato. Este gesto simboliza o desejo de prosperidade económica para o ano que se inicia (talvez porque no dia um de janeiro, os jornais e noticiários televisivos são inundados com notícias de aumentos de preços). A prática é partilhada por muitos países e reflete a importância de atrair abundância e segurança financeira.

Brindar com champanhe ou espumante à meia-noite é indispensável, costume que mais uma vez no faz viajar à França do século XIX, quando a bebida era associada às celebrações das classes mais abastadas.

Como epílogo para um número considerável de costumes de ano-novo, de um país que se orgulha de ser destino de “Sol e Mar”, um pouco por todo o litoral português, é tradição dar o primeiro mergulho do ano no mar. Este gesto, considerado um ritual de purificação, renova energias e reforça a ligação simbólica com a natureza. Locais como a Figueira da Foz e Cascais atraem muitas pessoas que, corajosas, enfrentam as águas frias como forma de começar o ano de forma revigorante.


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