
Do Banal ao Profundo: Desvendando o Verdadeiro Significado do Amor
Sobre o Amor...
“Quando o Amor vos chamar, segui-o, mesmo que os seus caminhos sejam íngremes e penosos.”
Kahil Gibran
Ousamos falar de Amor num tempo de absurdo existencial. Falamos de Amor num período em que a perversidade teimosamente constante das guerras manifesta-se nas suas diferentes tonalidades e geometrias. Assistimos a isso pela atualidade dos conflitos bélicos que insistem em fazer-se presentes. Somos testemunhas disso nas guerras lá de casa, nas trincheiras empresariais, nos confrontos quotidianos que fazem a sua aparição no espaço público da rua e da praça ou nas autoestradas digitais que percorrem a WEB, por tais motivos, hoje falar de Amor parece subversivo ou depreciativamente banal.
Esse é o grande mal, falar de Amor virou banalidade. O Amor quase já não nos detém na liberdade da abertura que o seu Encontro pode proporcionar. Já não nos pára, porque não o sentimos, nem o experimentamos na sua livre expressão. Hoje quem o experimenta na simplicidade dos gestos quotidianos parece lamechas.
O Amor quer-se desnudo. Nu em toda sua expressão, em toda sua manifestação, em toda a sua forma, sem agasalho conceptual, em carne viva, pulsante, na pura vibração existencial, verdadeiramente humano, e porque humano, contraditório, ambivalente, paradoxal, mas AMOR.
Ainda que envolto no paradoxo, o que se deseja é que o seu movimento seja enlaçado no gesto ternurento do toque que toca a alma dos que se permitem. Aconteça isso no comum dos dias, no espaço de labor, entre o silêncio do encontro genuinamente humano, na coreografia laboriosa e cooperativa dos artífices nos seus diversos ofícios ou no íntimo do leito dos seus amantes.
O Amor quer-se nu, despido de preconceitos, livre, solto, criativo, esperançoso, envolvo em amorosidade. O Amor quer-se de olhos abertos, para ver o que está, tal como está, mas também para poder ver além do que está, para ver o caminho que se apresenta pela frente, em livre impulso de progresso - o caminho do sonho.
Ele é o caminho do sonho que sonha casar com a realidade, o sonho livre, o sonho que vê além e que por isso se projeta. Amar é esperançar caminhando e fazendo caminho, não é quimera, mas possibilidade de realização, de construção, de transformação (outra forma).
Esperançar um caminho de Amor saudável, é vir a fazer o caminho do Amor que é ponte, do Amor que é laço, do Amor que é diálogo, do Amor que é conversável quando possibilita a reunião dos amantes.
Esperançar um caminho é fazer a senda do Amor que se lança na possibilidade reconhecida da junção que incluiu o singular da pessoa, mas que se abre à pluralidade do encontro que nos proporciona a diversidade das pessoas que nos apresentam.
Este Amor é algo que aparece como semente. Ele é um broto que necessita ser nutrido para vingar, para florescer.
Ele só existe porque foi amado, o Amor gera-se no Amor.
Existimos porque fomos amados, afirma Coimbra de Matos, sem Amor o terreno afetivo do humano é desértico, solitário, empobrecido, distorcido. Mais Amor, menos doença, continua o nosso magno psicanalista
No Amor a vida pulsa, sem Amor a vida definha e morre. Urge ressuscitar o Amor, urge cuidar da terra fértil onde ele possa brotar.
A semente do Amor não se detém, pulsa silenciosamente no silêncio do âmago do humano. Mesmo quando em terreno desértico, na sua semente está inscrita a possibilidade futura de um Oásis que conquista terreno ao deserto do humano cada vez menos humano.
Porque Amor é antes de mais poesia, abro espaço à voz dos poetas, os portadores da chama que acende a luz que brilha.
De onde nascemos?
Do amor.
Como nos perderíamos?
Sem amor.
O que nos ajuda a superar?
O amor.
Como se pode encontrar o amor?
Através do amor.
O que nos impede de chorar longamente?
O amor.
O que nos deve unificar?
O amor.
(Goethe, para Charlotte v. Stein.).
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