Empobrecer para Acalmar a Inflação!
A outra guerra!
Mesmo estando a meio do ano, facilmente se consegue perceber que a invasão Russa à Ucrânia é sem dúvida o acontecimento mais triste e marcante de 2022. Normalmente é arriscado fazer esse tipo de previsão ainda havendo meio ano pela frente, mas por mais “surpresas” que venham a acontecer, parece-me quase impossível que algum acontecimento inesperado possa destronar esse flagelo.
É uma desgraça para os Ucranianos porque estão a defender a sua soberania com sangue e lágrimas, mas essa guerra também não está a trazer nada de positivo ao vulgar cidadão Russo, que vê a sua carteira mirrar e a sua qualidade de vida a desaparecer de dia para dia (o ponto de partida já era baixo).
Habituamo-nos a que as imagens entrassem na nossa casa numa lógica diária, simpatizamos e choramos com os Ucranianos, de uma forma sem precedente mobilizamo-nos com a causa de forma a ajudar esse povo no que eram as suas necessidades mais imediatas. Mas ao mesmo tempo sempre pensamos que devido à distância, podíamos estar tranquilos no conforto do nosso lar, que nada nem ninguém poderia afetar o nosso dia-a-dia.
Quão errados estávamos… Afinal a guerra chegou mesmo cá, não sob a forma de mísseis (felizmente) mas uma poderosa ofensiva de inflação que promete fazer muito estrago. Já não víamos algo assim desde 1993, ou seja, quem tem menos de 29 anos nunca viveu essa realidade.
Segundo as estimativas do INE, a taxa de inflação em abril foi de 7,2% tendo subido para 8,0% no passado mês de maio. Como sabe, o cálculo da inflamação é feito tendo por base a variação de preços de um cabaz de produtos muito diversos, ou seja, alguns desses produtos um determinado indivíduo consome no seu dia-a-dia, mas outros não. Se olharmos para dois tipos de produtos que inevitavelmente todos nós consumimos numa base diária, a energia e os produtos alimentares, a situação ainda é muito mais grave. A energia aumentou na ordem de 27% e os produtos alimentares cerca de 12%. Certamente o leitor, nas suas idas ao supermercado e às bombas de gasolina já se apercebeu (e rogou alguns palavrões) que algo estava diferente.
As subidas dos preços estão longe de ser um fenómeno nacional, muito pelo contrário, toda a zona Euro e os Estados Unidos da América estão a conviver com o mesmo problema e, na maior parte desses países os números são ainda piores do que os nossos.
Guerra + Especulação = Inflação. E o pior? Tudo indica que não vai ficar por aqui, ainda temos um longo verão pela frente…
O que significa?
Lista de compras do leitor (aumento dos últimos meses em percentagem):
► 1kg de lombo de salmão (>35%)
► 1 Frango (>31%)
► 1kg de bifes de peru (>27%)
► 12 Ovos Classe M (>22%)
► 1kg de Laranjas (>14%)
► 1 Pacote de Manteiga (>18%)
► 1 Frasco de Azeite Virgem (>19%)
► 4 pacotes de bolacha Maria (>18%)
► 1 Litro de Óleo de Fritura (>56%)
► 1kg de Farinha para bolos (>37%)
► 1kg de Queijo flamengo fatiado (>8%)
Em janeiro passado o leitor pagaria por estas compras 42,36 €, agora as mesmas compras custam-lhe cerca de 56,78 €, ou seja, a sua família está a comer mais 14,42 € por semana, o que dá 57,68 € extra por mês.
Imaginando que o leitor gasta 100 litros de gasóleo simples por mês, em janeiro passado o litro custava cerca de 1,522 €, agora está em média a 2.136€, ou seja desembolsa mais de 60 € mensais.
Só em supermercado e em combustível está agora a gastar mais 117 euros mensais do que no passado mês de janeiro. E se juntarmos o aumento da taxa de juro do seu crédito à habitação? Dá para pensar, não dá?
Sabendo que os jovens portugueses apesar de mais qualificados têm salários mais baixos, sofrem mais com precariedade laboral, devido à inflação consomem produtos muito mais caros e são altamente dependentes dos créditos à habitação, o que irá acontecer?
Antes dos 40 anos não saem da casa dos pais! Portanto paizinhos e mãezinhas preparem-se para viver o “síndrome do ninho cheio”!
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