
O Nível de Stress Escala
A leveza de Setembro...
A entrada no mês de setembro é por tradição sempre complicada, é sinónimo de final de férias. Acho que todos concordamos que a pior parte das férias é quando elas acabam, o fim do verão jamais é vivido de forma animada. Quem tem saudades do regresso ao trabalho, horários e rotinas para cumprir, a loucura do trânsito, bombardeamentos de e-mails dia sim, dia sim ou, de apenas conseguir usufruir da sua casa para dormir?
Os níveis de stress, que tiveram mínimos históricos ao longo do mês de agosto, disparam sem pré-aviso.
Decerto, já reparou que chega a setembro sempre mais leve?
Não é isso, bem sei que dentro de si agora residem umas quantas bolas de berlim e algumas cervejas extra, estou a referir-me ao seu bolso. O subsídio de férias derreteu-se como se fosse manteiga ao sol, as animadoras poupanças que tinha conseguido no início do ano seguiram o mesmo caminho, de uma forma gradual e sem se aperceber, os milhares passaram a centenas e consequentemente a dezenas. Pelo quinto ano consecutivo arrepende-se do dia em que fez um cartão de crédito, tudo parece fácil e barato até que lhe chega o extrato no fim do mês…quem nunca!
Faz lembrar os tempos de faculdade, os últimos 10 dias do mês eram vividos com um saldo de 15 euros na conta, mas na altura podia-se fazer levantamentos multibanco de 5 euros, ou sejam ainda dava para 3 movimentos. Nesses tempos andava “teso”, mas comprava roupa de marca, saia à noite e divertia-se. Hoje nem faz nada de especial e continua condenado à linha vermelha. Será coisa do destino?
A ideia de que em setembro voltará a conseguir um equilíbrio saudável cedo se desvanece, são livros novos, cadernos, a mochila do ano passado apesar de ainda estar em bom estado, azar dos azares, já passou de moda. Este ano há novos super heróis, novos estilos ditados pelos colegas da escola, novas marcas de roupa e de calçado e com essas novidades vem o amor platónico, o desejo na sua forma mais pura.
Tenta em vão convencer os seus filhos que segundo Aristóteles há que amar o que se tem, é preciso de forma feliz, ignorar os impulsos consumistas de forma a salvar o planeta e a carteira. Começa por afirmar: "Eu com a vossa idade tinha muito poucas coisas, tinha amigos e conseguia ser feliz. Vejam lá que nem smartphones existiam e mesmo assim conseguia comunicar com os meus amigos e com as namoradas.". Segue-se um olhar atento acompanhado de silêncio… Convencido que uma boa conversa resolve tudo, sorri visceralmente, como se estivesse a festejar a vitória do bom senso. Eis quando de forma abrupta a gritaria volta… O Pai não gosta de mim, vou ser a chacota da escola pois todos têm, menos eu… Seguiu-se um "sprint" de 5 metros e com estrondo fecha-se no quarto. Você conta até 10 e… "voilá! Heavy Metal in the house”.
Todos começam a fazer exigências: O carro quer uma revisão na marca, a sua esposa afirma a inevitabilidade de uma sessão de cabeleireiro de 100 euros, o miúdo está na lista de espera para um portátil novo e a mais nova necessita de um smartphone com uma câmara que tenha mais 1 mega píxel do que o anterior…Já mencionei que não tarda nada tem de pagar a segunda prestação do IMI?
O próximo subsídio de férias só virá em novembro… Este artigo começou com níveis de stress moderadamente altos, mas neste momento já nem se pode chamar stress, uma espécie de hiperventilação misturada com agonia que desagua numa claustrofobia monetária.
Pede emprestado o livro (a palavra comprar foi riscada do dicionário) “8 dicas para superar a depressão pós-férias”.
Ler atentadamente
1º “Prepare a sua volta das férias antes mesmo de elas começarem”. Demasiado tarde, segue com esperança para a segunda.
2º “Vá com calma! As férias ainda não acabaram”. Como assim?
3º “Desacelere no fim das férias”. Certo, já estou em ralenti.
4º “Relaxe! É só o primeiro dia”. Impossível neste momento.
5º “Organize seu espaço”. Feito.
6º “Vá devagar”. Outra vez a mesma história?
7º “Comece a planear as próximas férias”. Isto é mesmo para superar uma depressão pós férias? Incrédulo!
8º “Procure ajuda profissional se necessário”. A sério? Quando houver dinheiro vou pensar nisso!
A sua alma continua inquieta… O racional desaparece e só consegue pensar: raspadinhas? Euromilhões?