Tradições de Natal pelo Mundo
O Natal é a celebração cultural e religiosa mais festejada em todo o mundo. Celebrado por milhões, o Natal é conhecido por ser a festa da família e onde as suas origens se perdem na raiz dos tempos.
Na Europa as tradições natalícias têm um significado cristão profundo, mas as suas tradições mais antigas são anteriores ao próprio nascimento de Jesus e surgem no contexto de celebrações e festividades pagãs celtas e romanas: são os antigos festivais celtas do Yule e do Midwinter e o festival “Natalis Solaris Invictus”, celebração romana que festejava o regresso dos dias maiores.
Mas por todo o mundo assistimos a visões completamente diferentes do Natal que conhecemos. Algumas parecem-nos bizarras, outras de uma riqueza comparável às tradições que celebramos em cada uma das nossas casas.
Comecemos, por exemplo, de uma tradição tão em voga na Europa e na América que são os mercados de Natal.
Associados com a celebração do período conhecido como “Advento”, conhecido por ser o primeiro tempo do ano litúrgico e que começa sempre no domingo mais próximo do dia 30 de novembro e prolonga-se até ao dia 24 de dezembro, os mercados de natal surgiram na Europa Central, mais concretamente na cidade de Dresden, em 1434.
A partir daí a tradição espalhou-se pelos territórios que agora compõem a Alemanha e a Áustria até alcançar a região francesa da Alsácia.
Todos os anos, cidades como Frankfurt, Munique e Berlim, na Alemanha, Viena, Salzburgo ou a vila de Hallstatt na Áustria, Riga, na Letónia, Praga (República Checa) e, mais recentemente, Londres ou Edimburgo, dão a conhecer a milhares de turistas os seus mercados, com muitos destes destinos a oferecerem, por vezes, mais de uma dezena de mercados diferentes e para todos os gostos. Numa atmosfera de luz e cor, os turistas têm a oportunidade de descobrir a gastronomia da quadra e toda a artesania à volta do Natal.
E se um pouco por toda a Europa temos a atmosfera mágica dos mercados, ainda no velho continente podemos testemunhar a história profunda que medeia a imagem icónica do Pai Natal, desta feita na capital da Lapónia finlandesa, a cidade de Rovaniemi, com a uma visita à “Santa Claus Village”.
Os escandinavos advogam que a origem da personagem das barbas brancas distribuidor de brinquedos é bem mais antiga do que a simbologia transmitida pela figura de S. Nicolau de Mira e que a mesma se encontra relacionada com a personagem da mitologia nórdica conhecida como "Joulupukki", um velho que viajava, desde a inóspita região de Korvatunturi, num trenó puxado por renas (não voadoras) com o objetivo de tornar mais alegre o Yule, festival celta que marcava o regresso dos dias maiores e o início do fim do inverno.
Quando o cristianismo ganhou força no império Romano, a nova religião tratou de incluir as tradições celtas, conferindo-lhes uma visão religiosa, com um franco objetivo prosélito, fundindo a personagem pagã com o santo proveniente da Turquia.
Mas ao mesmo tempo que estas visões mais míticas do Natal ainda hoje se mantém, outras há que se mostram bem mais cosmopolitas, como é caso daquelas que podemos viver na cidade de Nova Iorque ou em Londres, voltadas para o consumismo exacerbado, espelhadas pelas romarias aos armazéns Macey’s, na Big Apple, ou o Harrods ou Selfridge’s na capital britânica.
Apesar de uma visão mais mercantilista que agora invade a quadra, a realidade é que o Natal ainda hoje conserva muita da sua pureza original no que diz respeito à transmissão das culturas, com destaque para a gastronomia que podemos encontrar nos mais variados cantos do mundo. Desde o "Yule Log" da Escócia ao Tronco de Natal e o Trifle inglês, às mãos de bolacha ou chocolates de Antuérpia, na Bélgica, sem esquecer as casas ou bolachas de gengibre, as salsichas ou a poncha dos mercados do centro europeu, são muitas as manifestações que nos ajudam a dar um paladar diferente a esta época.
Mas também tradições que nos parecem estranhas ou mesmo bizarras, como por exemplo é o caso da Áustria, onde encontramos o Krampus, um ajudante do Pai Natal com enormes chifres e cara de poucos amigos. Ou a bruxa Befana, que em Itália está incumbida de entregar os presentes às crianças, sem esquecer que em Espanha, a quadra começa por se festejar com o sorteio do “El Gordo”, a lotaria de Natal.
Que pensar então da tradição dos noruegueses de esconderem todas as vassouras das casas, com medo de que as bruxas andem por aí a voar logo na noite de Natal. Ou ainda o estranho canal de televisão americano, o WPIX, que há mais de 40 anos transmite um programa deveras curioso: durante a noite e dia de Natal passa apenas um vídeo de uma lareira a crepitar.
Podemos ainda viajar à Venezuela para conhecer a estranha tradição das “patinadas”. Em alguns bairros de Caracas as pessoas juntam-se para patinar, com as igrejas locais a organizarem festivais noturnos em que as crianças andam de skate, patins e bicicleta, logo após participarem da missa.
E para atirar com o Natal literalmente pela borda fora, então não esqueçamos o hábito dos suecos em terminarem as festividades atirando a árvore pela porta ou pela janela para o meio da rua, uma tradição conhecida como o Knut.