A Nova Era da Laranja: Docinha ou Azeda?

A Nova Era da Laranja: Docinha ou Azeda?

Em 2011 a pátria estava feia, suja, com enormes nódoas, não será exagero dizer que estava mesmo encardida. Eis que após uma resma de rezas e alguns sinais de fumo branco (eleições), a 21 de junho de 2011 aparece o governo de Passos Coelho… Encarnaram o espírito de uma "equipa de limpeza", com a missão de deixar tudo branquinho, brilhante e cheiroso. A higiene de Portugal precisava desesperadamente de uma atenção especial. Graças a uma herança sanitária muito duvidosa, havia muito para fazer.

Após 4 anos suados, uns disseram: “sim senhor, foi uma limpeza exemplar”, fazendo vénias ao homem. Já outros disseram que não era necessário usar uma lixívia tão forte, bastava um produto mais suave que respeitasse as cores e com o bónus de ter um odor agradável. São da opinião de que houve exagero na profundidade da limpeza. Como tal, não aplaudem. Também é justo mencionar que houve ainda quem achasse que o país apenas necessitava de um sabonete de glicerina, afirmam com total convicção que deixaria tudo num brinquinho e com a vantagem de não causar irritação (os chamados reis do otimismo). Certo é que esses, ainda hoje andam a atirar tomates frescos a um ex-primeiro-ministro, há muito retirado, talvez fosse útil recentrar a mira política.

Enfim, opiniões são como estorninhos (para quem vive em cascais), há muitos.

Cerca de um mês antes do Natal de 2015, em jeito de presente antecipado eis que aparece no “sapatinho” António Costa, “El Salvador”? Numa primeira fase defendeu que conseguíamos manter uma boa higiene, mas com uns trocos no bolso, os Portugueses sorriram e acenaram afirmativamente.

Costa, o homem que mostrou ser possível fazer austeridade sem o chamar de austeridade, simplesmente brilhante, uma verdadeira inovação política. Vénias merecidas! Quando tudo parecia estar a correr maravilhosamente bem, algo aconteceu...a alegria e a euforia deram lugar a um Socialismo desmotivado e desmotivante. A “segunda equipa do Costa”, desde o primeiro dia, andava sempre com os cordões dos sapatos desapertados! Foram avisados várias vezes, mas não fizeram caso.

O que costuma acontecer a quem não ata os cordões dos sapatos? Pois é! Mais dia, menos dia tropeça em si próprio e assim, de uma forma um pouco “sui géneris” o clima começou a ficar taciturno. A saúde, a justiça, a educação e os polícias reclamavam outra atenção e, já em 2024 os Portugueses pronunciaram-se e pediram algo diferente… Umas vitaminas laranja!
Se os Portugueses pediram, a equipa Montenegro disse presente e respondeu com energia e dinamismo. Para já (e ainda é muito cedo) parecem ter uma bússola calibrada e mangas arregaçadas, mas vamos ver se mesmo assim não se perdem.

Neste momento, o novo governo é uma placa de cimento fresco, não dá para perceber se o resultado será sólido e estruturante ou, um conjunto de rachas e fissuras.
A laranja vitaminada produziu três mosqueteiros: Montenegro, Albuquerque e Bolieiro. Será que nos vão proteger de todos os males?

Caso não tenha dado conta, a última vez que tivemos em simultâneo um primeiro-ministro, um presidente do governo regional dos Açores e um presidente do governo regional da Madeira “laranjinha” foi no século passado, já há 29 anos. O ano de 1995 começou com o primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva e como presidentes das regiões autónomas dos Açores e Madeira, João Bosco Mota Amaral e Alberto João Jardim respetivamente. Contudo, atenção, dentro desta similaridade existe uma grande diferença, hoje, ao contrário de em 1995, os três mosqueteiros lideram governos minoritários, o que faz uma enorme diferença.

O que poderá acontecer a seguir? É extremamente difícil fazer premonições, estamos a navegar águas nunca antes navegadas. Mas de uma forma muito simples e direta diria: Se a laranja azedar, as sombras de extrema-direita podem iluminar-se!


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