Nove Alpinistas Russos Morreram em Circunstâncias Misteriosas
Um mistério com cerca de 62 anos!
No dia 23 de janeiro de 1959, um grupo de nove alunos e um professor do instituto politécnico dos Urais em Ecaterimburgo (Yekaterinburg em Russo), partiram numa expedição de esqui em direção à montanha Otorten.
Tudo começou numa viagem de comboio para Ivdel, cidade ao centro da província de Oblast de Sverdlovsk, tendo lá chegado dois dias depois. Uma vez nesta cidade, o grupo apanhou “boleia” num camião para Vizhai, e daí, no dia 27 de janeiro começou a sua expedição. Coincidência ou não, nos arredores desta pequena cidade existia na altura um laboratório de armas químicas usado pelos militares soviéticos, tendo sido fechado no ano seguinte (1960). É importante frisar que esta cidade localizada na porção oriental dos montes urais, a cerca de 2127 km a leste de Moscovo, nesta altura do ano apresenta temperaturas na ordem de -30ºC.
Devido a algumas dificuldades de mobilidade, um dos estudantes foi obrigado a desistir da expedição, ficando o grupo reduzido a nove elementos (7 homens e 2 mulheres). Após este momento, os nove nunca mais foram vistos com vida.
Por exigência das famílias, no dia 20 de fevereiro após não terem recebido notícias do grupo, começaram as buscas, sendo que as primeiras equipas eram constituídas por alunos e professores voluntários do instituto. Posteriormente, o exército e forças policiais juntaram-se à operação, tendo sido utilizados aviões e helicópteros.
Seis dias depois foi encontrada a tenda da expedição quase completamente tapada por neve. Com base nos rolos fotográficos e nos diários pessoais encontrados, é sabido que cerca de uma semana após o início da expedição, no dia 1 de fevereiro o grupo montou acampamento na encosta da “Montanha Morta” (Kholat Saykhl), após a meia-noite desse mesmo dia algo inesperado aconteceu…
Fotografia | Investigadores soviéticos examinam a tenda do grupo em 26 de fevereiro de 1959. Ela foi cortada por dentro e várias pessoas do grupo fugiram de meias ou descalços (Créditos:Dyatlov Memorial Foundation)
Ao longo das semanas seguintes, com a preciosa ajuda da subida das temperaturas e consequente diminuição da quantidade de neve, as equipas de busca e salvamento a cerca de 400 metros do acampamento, conseguiram encontrar os corpos dos 9 elementos do grupo (os últimos quatro corpos só foram encontrados dois meses depois). A posição em que foram encontrados sugeria que morreram quando tentavam voltar ao local do acampamento.
A hipotermia foi determinada como a principal causa das mortes embora, quatro dos corpos apresentavam lesões graves no tórax ou no crânio, dois foram encontrados sem olhos e uma das mulheres sem língua. Foi com alguma perplexidade que se verificou que alguns estavam quase nus (em cuecas) e descalços, também foi encontrado vestígio de radioatividade em várias peças de vestuário. O chefe da investigação, numa entrevista em 1990 afirmou que, nos meses de fevereiro e março de 1959, diversas testemunhas, incluindo militares e meteorologistas, relataram que avistaram na área "esferas voadoras brilhantes".
Estaria relacionado com o laboratório de armas químicas soviético?
A investigação da época determinou que os esquiadores rasgaram as suas tendas de dentro para fora, tendo fugido a pé sob um forte nevão e atribuiu as mortes a uma “força natural desconhecida”.
Este mistério despertou o imaginário das pessoas, inspirou inúmeras teorias para explicar o ocorrido, uns acreditavam ser fruto de experiências militares soviéticas, outros culpavam o “bigfoot”, tendo em conta que foram encontradas pegadas muito maiores do que as dos exploradores, e houve até quem atribuísse a culpa a extraterrestres.
Baseado no nome do líder do grupo, Igor Dyatlov e no local em que foram encontrados os cadáveres e seus pertences, este ficou conhecido como o incidente do Passo Dyatlov.
O acesso à região do incidente foi consequentemente bloqueado a esquiadores e aventureiros por um período de três anos.
A Rússia abriu uma nova investigação sobre o incidente em 2019 e concluiu que a causa da morte foi hipotermia associada a uma avalanche, forçando o grupo a deixar o acampamento.
Num artigo publicado no dia 28 de janeiro de 2021 na revista Communications Earth and Environment, forneceu as primeiras evidências científicas que suportam a teoria de uma pequena avalanche desencadeada em condições incomuns. Os autores deste estudo, Johan Gaume e Alexander M. Puzrin apresentam dados que apontam para a possibilidade de uma avalanche poder ter sido responsável pelas mortes dos nove esquiadores. Segundo os autores:
“Este estudo simplesmente oferece um relato razoável dos eventos que desencadearam as mortes”
Segundo esta nova pesquisa, a maioria dos nove esquiadores morreu devido a hipotermia enquanto os restantes sucumbiram a ferimentos. O facto dos corpos se encontrarem em estado de nudez permanece um enigma, uma das teorias com maior força é a de que se despiram paradoxalmente, ou seja, é frequente pessoas em estado de hipotermia retirarem a roupas em resposta a sentimentos entendidos por elas como calor ardente. A ausência de olhos e língua em algumas das vítimas pode ter sido simplesmente o resultado de animais necrófagos, mas também esta questão permanece em aberto!
Fotografias |
Créditos: Dyatlov Memorial Foundation
1ª (capa) As câmeras dos exploradores foram recuperadas e muitas fotos puderam ser reveladas. Essa foi uma das fotos recuperadas da câmera do explorador Krivonischenko.
2ª Investigadores soviéticos examinam a tenda do grupo em 26 de fevereiro de 1959. Ela foi cortada por dentro e vários da equipe fugiram de meias ou descalços
3ª Monumento erguido em homenagem aos 9 exploradores.
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