
O Futuro Come-se Hoje
As “galinhas” do futuro!
De forma a conseguir acompanhar os hábitos de consumo das pessoas, tal como noutros setores, a indústria alimentar está em constante evolução. Engane-se quem pensa que a tecnologia não tem (e terá cada vez mais) um papel fundamental no que irá entrar nas nossas bocas. A inovação e a tecnologia têm estado presentes desde os primórdios da indústria alimentar, a digitalização de processos já é uma realidade nas fábricas e é bem sabido que só as empresas cujos processos produtivos sejam alicerçados em suportes tecnológicos é que conseguirão crescer e ganhar escala. A inteligência artificial não só é uma realidade já presente, mas tudo indica que será a área com maior potencial de desenvolvimento no setor alimentar.
A maioria da população (agora dita digital) está cada vez mais concentrada nos grandes centros urbanos do litoral, apesar disso, nos últimos anos tem aumentado a tendência por naturalidade na alimentação. Felizmente o natural ganha vantagem sobre o processado, para além de satisfação, o consumidor também procura no alimento saúde e bem-estar. É caso para dizer que o saudável tem sido a macrotendência e tudo indica que veio para ficar, basta dizer que nos últimos 8 anos o mercado de produtos saudáveis mais do que duplicou.
O que está por trás desse fenómeno?
Na Europa, esta nova tendência deve-se a vários fatores:
► Graças à internet e à comunicação social, a população está cada vez mais informada dos benefícios e malefícios dos diversos alimentos;
► Cada vez surgem mais preocupações com a composição corporal, urge a necessidade de controlar os níveis de massa gorda corporal;
► O envelhecimento da população, transversal a quase todos os países do velho continente, fomenta uma procura por mais qualidade de vida e saúde;
► Cada vez mais a preocupação ambiental traduz-se numa maior procura por alimentos produzidos de forma ecologicamente sustentável;
► Aumento do número de intolerâncias alimentares, nomeadamente ao glúten e à lactose;
► A perceção da relação da alimentação com as doenças crónicas, bem como o aumento da incidência de uma grande diversidade de patologias;
São vários os estudos recentes que apontam que os alimentos à base de plantas estão a conquistar cada vez mais pessoas, em detrimento de produtos de origem animal. Decerto já se deu conta que dentro da sua família, colegas de trabalho e grupo de amigos, são cada vez mais os que não bebem leite, não comem queijo, deixaram a carne (primeiro a vermelha e mais recentemente também a branca) ou que dizem não aos produtos de trigo processado. Quem diz a sua família, diz a minha ou qualquer outra.
As sopas, saladas, legumes cozidos e guarnições de origem vegetal (como é o caso dos cereais e tubérculos) já há muito que estão presentes (ou deveriam estar) na alimentação do dia-a-dia. A mudança mais lenta e difícil que a transição dos produtos de origem animal para os de origem vegetal exige, tem sido a nível da proteína (leite, carne, peixe e ovos). Já há vários anos que existem no mercado as designadas bebidas vegetais que vieram para substituir o leite de vaca, diversos produtos feitos à base de soja e leguminosas que competem com a carne e o peixe. Tudo isto já temos visto nos supermercados, não constitui nenhuma novidade para si.
Devido ao trabalho desenvolvido pelos investigadores do "Centre for Food Education e Research", sediado em Alcobaça, estão prestes a ser lançados no mercado nacional ovos de origem vegetal com características muito similares aos ovos de galinha.
Sem dúvida um produto inovador, ao qual a empresa chamou de “Happineggs” *1 que tem tudo para revolucionar a indústria alimentar.
É realmente impressionante com se conseguiu fazer ovos a partir de arroz, ervilhas, feijões de soja e azeite. O facto de este produto usar o azeite ao invés de gorduras saturadas de origem animal é um piscar de olho ao segmento da população sensível à ingestão de colesterol.
Tudo foi feito à imagem e semelhança dos ovos tradicionais: O aspeto físico, composição nutricional, e provavelmente o mais importante foi a recriação do poder emulsificante. Basta dizer que essa característica é fundamental na confeção de maionese, bolos ou mesmo gelados. Os vegetarianos vão ficar menos limitados no que toca à confeção e ingestão desses produtos. Sobre a data de lançamento e o preço deste novo produto, ainda existem poucas certezas, provavelmente até ao final do ano teremos novidades.
*1 O Happineggs foi criado pela investigadora Mayla Araújo e por Daniel Abegão, investigador e também administrador e responsável técnico do CFER – Centre for Food Education e Research, sediado em Alcobaça.
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