O Impacto do Desporto na Comunidade
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O Impacto do Desporto na Comunidade

O Impacto do Desporto na Comunidade

O 2Build voltou em 2022 e ainda mais caloroso! Um evento corporativo que une um conjunto de personalidades do mundo empresarial e desportivo na partilha de experiências e saberes. Este encontro é organizado pela empresa de consultoria financeira e de comunicação - SMASH, com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e da DNA Cascais.

A 2ª edição do 2Build decorreu em pleno campo de golfe, no Onyria Quinta da Marinha Hotel, onde os presentes puderam usufruir de uma paisagem verdejante, em contraste com as lagoas, habitadas por uma feliz família de patos, que salpicam o relvado de azul. No evento a comparência de oradores e convidados de excelência, nacionais e internacionais, enriqueceram a reunião com a partilha de conhecimentos e de experiências, divididos em cinco painéis de debate, entre os quais se destacaram os temas: A comunicação no desporto e o desporto como forma de comunicação, o impacto do desporto na comunidade, o empreendedorismo e inclusão social, a liderança e a gestão de exortativas e por fim foi debatido até que ponto os valores do desporto ajudam na tomada de decisões empresariais.

“O desporto ajuda a estarmos em melhores condições para desenvolver as nossas atividades, sejam elas profissionais ou de outra ordem e também na política. Quer em termos de resistência, quer na capacidade de comunicar...”

Duarte Pacheco, Deputado da Assembleia da República

A importância do desporto na saúde e na comunidade...

A população está mais sensibilizada, tem mais vontade de praticar desporto?

“Hoje as provas têm mais mulheres do que homens”. O presidente do Maratona Clube de Portugal, Carlos Moia, aproveitou o momento para partilhar uma curiosidade que mostra as mudanças que têm vindo a acontecer desde 1991, ano da 1ª meia maratona de Lisboa: “Quando fizemos, há 31 anos, a primeira meia maratona, da ponte 25 de abril, para sensibilizar os atletas (a participar na prova), resolvemos dar prémio às 100 primeiras mulheres (a passar a meta) e aos 100 primeiros homens. O que aconteceu? Foram entregues os prémios aos 100 homens, mas não foram entregues os prémios das mulheres. Ou seja, em 4 mil pessoas, há 31 anos, não havia 100 mulheres a correr a meia maratona. Hoje as provas têm mais mulheres do que homens! A comunicação é fundamental. A nossa primeira preocupação foi pela igualdade de género e a segunda foi pôr a população a correr.” Sublinha.

Apesar da relevância na criação de novos hábitos desportivos na população, Carlos Moita fez questão de realçar um ponto que considera negativo, segundo o presidente, a Maratona Clube de Portugal considera ter uma obrigação social, criando assim uma nova prova (há cerca de 18 anos) “a corrida da mulher”, direcionada à sensibilização do cancro da mama. Contudo, Carlos Moita manifesta o seu dissabor ao confessar que o objetivo ainda não foi cumprido como gostaria, explicando que quando a prova “a corrida da mulher” começou, “diariamente, 13 mulheres sabiam que tinham cancro da mama e morriam quatro. Hoje, este ano, a mensagem não passou, morrem mais mulheres”. Carlos Moita partilha que já entregaram mais de 900 mil euros à liga portuguesa contra o cancro, mas garante que o mais importante não são os 900 mil euros, mas sim passar a mensagem da importância de as mulheres fazerem o rastreio, mas essa mensagem tem dificuldade em chegar às pessoas. Exemplo disso é que “quando uma das carrinhas que faz o rastreio do cancro da mama tem 30 pessoas inscritas numa vila ou numa aldeia, só 13 fazem realmente o rastreio, as restantes 17 não aparecem, por medo. Embora tenhamos uma base de dados enorme, com mais de 300 mil pessoas, não conseguimos comunicar (sensibilizar à importância dos rastreios), tenho pena que assim seja mas pusemos o país a correr”, sublinha com um sorriso de satisfação incompleta. — A mensagem continuará a ser transmitida e cabe a todos nós, media e população geral, divulgá-la e partilhá-la.

Um dos denominadores comuns na maioria dos painéis foi a preocupação com um assunto que está cada vez mais na ordem do dia: a obesidade. Uma doença que tem vindo a aumentar em Portugal e no mundo. Grande parte dos oradores apontou a importância do papel do desporto na luta contra a doença, assim como a sensibilização a uma alimentação saudável. “Os dados de obesidade são dramáticos, a maior mortalidade em Portugal deve-se a doenças cardiovasculares (...)”, Duarte Pacheco reforçou que é necessário sensibilizar à prática desportiva, aconselhando a população a que o exercício seja uma atividade regular no seu dia-a-dia, com consistência diária, "tal como paramos para comer ou beber água, devemos olhar para o exercício físico como uma mais-valia para termos uma vida longa e saudável". O Deputado da Assembleia da República, confessa que aceitou ser capa de revista, para mostrar que é possível, aos 50 anos, estar em boa forma física e mental com a prática de desporto, acreditando que é mais fácil chegar às pessoas com este género de abordagem e em eventos ligados ao desporto do que com campanhas políticas. Duarte Pacheco, relembra que a longevidade tem vindo a aumentar, por isso é cada vez mais relevante ter uma vida que contemple o desporto como essencial para usufruir de uma vida longa e com qualidade.

2build 2022

A importância do desporto para uma vida mais saudável...

É possível encaixar o exercício num dia de trabalho?

Ana Rita Cavaco (Bastonária da Ordem dos Enfermeiros), compara o exercício e o desporto aos enfermeiros, afirmando que “o desporto e o exercício, tal como os enfermeiros, não são um custo, mas sim um investimento. Lidamos hoje, no SNS, com graves problemas de acesso e todos aqueles doentes diabéticos, com problemas cardiovasculares, até de saúde mental que consigamos evitar que cheguem ao hospital pela via do exercício físico” seria uma mais-valia para o sistema de saúde e para a população. A bastonária lamenta que Portugal não tenha uma cultura de promoção para a saúde, afirmando que “isto”, a falta de prática de exercício, é um problema de saúde pública”.

Segundo Ana Rita Cavaco, em média “os países da União Europeia gastam 113€ por habitante com o desporto, nós (Portugal) gastamos 50€. Este é o nosso ponto de partida, um terço dos adultos portugueses é fisicamente inativo, não cumpre a recomendação para a prática da atividade física, temos mais riscos de vir a ter diabetes, problemas cardiovasculares ou de sofrer de problemas de saúde mental”

"Diz-se que em Portugal o desporto está muito dependente do financiamento do Estado, mas o que estamos a fazer enquanto Estado para estimular os municípios e as empresas, para trabalharmos em redes? É importante refletir sobre estas questões."

Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros

O desporto tem uma função essencial nas nossas vidas pessoais mas também no lado profissional, no mundo empresarial a prática de exercício proporciona um melhor desempenho, fortalecendo as capacidades físicas e mentais dos gestores e dos seus funcionários, criando equipas equilibradas, focadas e mais saudáveis. João Silveira, das Farmácias Silveira, assume que na sua empresa existe uma política de incentivo ao desporto e aos valores que este instrui: “O desporto faz parte da minha vida... Transpondo para as empresas, tem-me ensinado uma série de valores: a liderança, a importância da equipa, o companheirismo, o respeito pelo adversário, a concentração e a definição de estratégia.”.

O desporto é um veículo de inclusão social?

João Benedito, ex-guarda-redes de futsal, considera que “se olharmos para os veículos de inclusão social, o desporto é um facilitador.”, João refere como exemplo o projeto “Academia do Johnson” (ver aqui), em que um ex-recluso criou a sua academia, num bairro social, e “consegue fazer essa inclusão de várias mentalidades, de várias crianças em torno de várias modalidades desportivas e portanto as crianças têm uma apetência a estarem mais presentes no desporto e a esquecerem-se de outras coisas.”.

“É nessa vertente de inclusão que vamos encontrar as nossas maiores referências”

João Benedito, ex-guarda-redes de futsal

Há igualdades no desporto e na vida empresarial?

“A igualdade não existe”! Igor de Brito, da Unipeople, considera que a igualdade não existe, afirmando que a igualdade é um mito: “na realidade partimos todos de pontos desiguais, somos todos diferentes.”. Contudo, avança que é possível ajudar a equilibrar essas diferenças:

“A igualdade é muito diferente da equidade. Fala-se muito de igualdade, enquanto se devia falar de equidade, fala-se muito de inclusão, quando devíamos falar de educação, fala-se muito do problema, mas fala-se muito pouco de como se podem resolver os problemas. Por isso, a igualdade não existe, é um mito, somos todos diferentes e temos de ser todos diferentes, cada um de nós tem a sua individualidade, quer no desporto, quer no mundo empresarial”

Igor de Brito, empresário

A liderança...

Rui Vitória fala sobre a sua experiência na liderança de um clube na Arábia Saudita, um país com uma cultura bastante díspar da portuguesa, uma mudança profissional desafiante onde o treinador teve de gerir e liderar uma equipa com características distintas e multicultural. “Saí de um clube com a dimensão do Benfica e fui para a Arábia onde não sabia exatamente o que ia encontrar. Portanto, foi um grande choque, mas com o nosso espírito de emigrante e de capacidade de adaptação”, foi superado. Rui Vitória sublinha que naquele momento “não valia a pena lamentar” aquilo que não tinha, optando por abraçar a realidade e começar a trabalhar a partir dali.

Quão importante é conhecer as pessoas com quem trabalhamos?

Para Miguel Ribeiro Ferreira, presidente da Fonte Viva, numa empresa é fundamental haver uma boa ligação entre as equipas, adiantando que a "Fonte Viva" tem 700 pessoas e que ao longo dos anos, conforme as equipas iam crescendo, “sentia perfeitamente a diferença entre uma equipa que conhecia todos os elementos e que tinha uma boa relação pessoal com cada um, a força que a equipa tem e os valores que consegue transmitir.”.

“Qualquer líder deve tentar ao máximo conhecer a sua equipa, pessoa a pessoa, família a família, nome da mãe, do pai e conseguir perguntar se a sua sogra está melhor. Isto é uma coisa que vale 20 prémios”.

Miguel Ribeiro Ferreira, empresário

“Melhor a cada volta! Renascermos todos os dias, ter a gratidão de acordar no dia seguinte e poder aplicar isso. Essa gratidão envolve o desporto e todas as outras situações envolventes das nossas vidas.”

Rubens Barrichello, Piloto de automobilismo

Questionado sobre se os valores do desporto são respeitados em Portugal, Noronha Lopes faz questão de mencionar os valores que considera mais importantes no desporto: a ética e transparência, o trabalho de equipa, a flexibilidade e a resiliência. O empresário sublinha que aquilo que mais o incomoda é a conversa do “sim...mas”, afirmando que este é o maior obstáculo ao progresso e à modernização do desporto em Portugal. “Isto tem de passar por uma mudança de mentalidades. (...)”. Reforçando que “ética e transparência devem ser comum a uma organização desportiva e uma organização empresarial.”.

“Na vida, os valores do desporto são aqueles que devemos usar nas empresas”

Noronha Lopes, empresário

Foram dois os palcos que deram vida à 2ª edição do 2Build, além dos painéis acima descritos, em simultâneo decorriam “Friendly Talks” em plena harmonia, entre profissionais das duas áreas — empresarial e desporto, transmitidas em direto nas redes sociais. Aqui os convidados debateram temas como a comunicação empresarial, a tomada de decisão, a igualdade de oportunidades, hábitos de vida saudável, e o fomento da atividade desportiva no setor empresarial.

“...tive a oportunidade de partilhar as minhas vivências enquanto atleta juntamente com a Diana Pereira (automobilismo) e o Duba Barradas (Muay Thai), com a moderação de Lourenço Lima. Mais um evento muito bem conseguido pelos irmãos Mira, que tão bem aliam a excelência do mundo corporativo com a excelência do mundo desportivo.

A exigência em busca de um desafio, a ética e a transferência para alcançar os objetivos delineados, motivação intrínseca no processo e resiliência para ultrapassar as adversidades são ferramentas que nos levam a sermos melhor naquilo que são as nossas competências no dia-a-dia!”

Filipa Cavalleri, atleta Olímpica, judo

2Build nas Redes Sociais...

Redes Sociais 2 Build 2022

Um evento rico em conteúdos, onde muito mais foi exposto e debatido ao longo de mais de 7 horas de convívio, contando com um almoço informal de perfeito “networking” onde todos puderam trocar ideias e experiências numa busca de melhores parcerias e acordos que venham a favorecer cada vez mais sinergias que abracem o desporto no mundo corporativo.

“É bom ver que cada vez mais existe um entendimento em relação ao potencial dos atletas no seio das empresas. É verdade que muitos não sabem o que os espera depois da carreira desportiva, muitos nem sabem ao que se podem dedicar. Estes eventos oferecem oportunidade para partilhar experiências, trocar contactos, conversar com gente do mundo do ‘business’ que estão atentos aos detalhes e ao potencial de competências e habilidades que os atletas oferecem aprendidas e aprimoradas durante a carreira. Este é um valor enorme que aliado à sua capacidade de aprender competências técnicas, os atletas estão numa condição muito à frente.

Mas não só as experiências valem, são momentos que também satisfazem dúvidas, criam sinergias e fortalecem ligações. Nunca se sabe onde se podem encontrar as conexões perfeitas. Para mim ter a oportunidade de passar estas mensagens e estar entre amigos é sempre muito rico!”

Susana Feitor, atleta Olímpica, marcha atlética

No próximo ano há mais... Até à 3ª edição do 2Build siga os conselhos transmitidos durante o evento, invista em si, na sua saúde e na sua equipa... Promova a prática do exercício físico!


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