Corrida ao Armamento Reforça o Apelo à Paz

Corrida ao Armamento Reforça o Apelo à Paz

Num momento crítico em que a Humanidade enfrenta uma nova corrida ao armamento, as vozes em defesa da paz sobem de tom, com apelos ao fim da proliferação das armas. A 9 de julho comemora-se o Dia Mundial do Desarmamento e da Destruição da Armas.

É certo e sabido que as sociedades raramente aprendem com os erros do passado, mesmo que esse esteja apenas à distância de uns meros 70 e poucos anos (77 para ser preciso), pairando ainda, na realidade atual, o som das bombas, os tiros de “snipers”, o estremecer do chão pela passagem dos tanques pelas ruas desfeitas de cidades destruídas pela II Guerra Mundial.

Talvez porque a Humanidade não soube resolver, em definitivo, as contendas que levaram aos grandes conflitos do séc. XX, no nosso século ainda ecoa o som de fundo de uma memória permanente, levando ao surgimento de novos focos de tensão, ao mesmo tempo em que se vão mantendo querelas que se arrastam quase a título definitivo.

Se a Guerra da Ucrânia é um tema dominante pela sua atualidade, o mundo não esquece a hostilidade constante que se vive no Médio Oriente, as disputas entre a índia e o Paquistão, a falência de muitos países africanos constantemente assolados por contínuos golpes de estado e tentativas de genocídio. Mas também não passa despercebido o clima de guerrilha que se sente em várias cidades espalhadas pelo globo, onde o fácil acesso às armas ligeiras a que se assiste em países como os Estados Unidos da América (EUA), México ou Brasil, provoca autênticos banhos de sangue perpetrados ora por mentes perturbadas, ora por gangues, cartéis ou milícias, que levam a números de mortes e feridos a níveis tão alarmantes como os embates militares internos ou entre nações que persistem nos dias de hoje.

Em 2001, as Nações Unidas (UN) iniciaram precisamente uma campanha que visava a luta a favor da destruição das armas ligeiras ou de pequeno porte, para relembrar a ameaça que a acumulação excessiva e desestabilizadora deste tipo de armamento provoca. Num relatório produzido com vista à criação de um protocolo internacional com o objetivo de combater a exploração massiva deste tipo de armas, a UN refere que, na última década, os arsenais proliferaram a nível global. Segundo o Small Arms Survey, estima-se que existam cerca de 1,13 biliões de armas de fogo em circulação, entre as quais 857 milhões encontram-se na posse de civis; 133 milhões por militares; e 22,7 milhões nas mãos de agentes da autoridade.

Esta organização aponta baterias ao tráfico ilícito de armas ligeiras e de pequeno calibre como o grande responsável, o perigo que representa para paz e segurança, destacando a importância de destruir armas excedentes como medida fundamental para reduzir os fluxos de armas ilícitas, para construir sociedades mais seguras.

Todos os dias os meios de comunicação social são invadidos, positivamente, por demonstrações de apelos à paz no mundo e ao fim das hostilidades globais, difundidos por personalidades fundamentais do nosso tempo, com claro destaque para as mensagens do Papa Francisco. Ao mesmo tempo, o coro de vozes contra a venda massiva de armas cresce desmesuradamente, sem, contudo, impedir a teia de interesses à volta de um dos negócios mais lucrativos da economia atual. A difusão noticiosa dos últimos massacres em escolas e o tiroteio a que se assistiu em Chicago, aquando da comemoração, a 4 de julho, da Independência dos EUA, provocaram o regresso do debate em torno da “Segunda Emenda” da Constituição Americana, ou o ainda mais recente assassinato do ex-primeiro ministro Japonês Shinzo Abe, estão a contribuir para um crescimento acelerado da reflexão em torno de um futuro que se antevê cada vez mais belicista, originando medos que se pensavam esquecidos e que cada vez mais pontuam a marca dos dias que passam. 

Numa sociedade cada vez mais tecnológica, que muitas vezes é retratada como individualista (apesar de extraordinariamente conectada) e pouco ativa nas questões que fazem girar a esfera azul, esta questão em torno das guerras e do acesso às armas ligeiras tem sabido gerar uma onda de apelos e protestos pacíficos um pouco por todo o mundo, com clara evidência em países como o Reino Unido, a França ou mesmo nos Estados Unidos, onde, ainda há relativamente pouco tempo, se assistiu a manifestações maciças, em mais de 300 cidades, contra o “lobby” do armamento e com gritos de ordem como “protejam as crianças, não as armas”, entre outros. 

Se esta união que se assiste, em torno daquele que é um dos temas mais sensíveis da nossa contemporaneidade, irá gerar frutos ou terá capacidade de se manter na esfera mediática é ainda matéria de inquietante desconhecimento. 


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