Arte Equestre Portuguesa: Património Imaterial da Humanidade

Arte Equestre Portuguesa: Património Imaterial da Humanidade

A Arte Equestre Portuguesa foi oficialmente inscrita na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade a 4 de dezembro. Esta distinção reconhece a tradição ligada ao cavalo lusitano e à Escola Portuguesa de Arte Equestre, celebrando a sua importância cultural e histórica no contexto da cultura imaterial universal, elevando para 10 o número de bens intangíveis classificados pelo Comité de Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO.

A atual Escola Portuguesa de Arte Equestre é o elo vivo entre o passado aristocrático e a tradição de cavalgar de tradição portuguesa, que se distingue pela forma como o cavaleiro se apresenta na sela, isto é, como se senta no arreio e os trajes que enverga, e ainda os passos de trote e galope, imagens visíveis da harmonia entre montaria e cavalgante.

Inspirada pela Real Picaria, fundada no século XVIII por D. João V no Picadeiro Real de Belém, preserva uma herança cultural ímpar. Apesar do encerramento da Real Picaria no século XIX, a arte equestre sobreviveu através dos cavalos lusitanos da Coudelaria de Alter (Alter do Chão), dos trajes históricos e dos exercícios da equitação barroca, como os Ares Altos, exercícios graciosos entre passo e trote.

Renascida em 1979, sob a liderança de Guilherme Borba e João Costa Ferreira, a Escola iniciou-se no Campo Grande. Em 1996, fixou-se nos Jardins do Palácio de Queluz, onde se construíram as cavalariças, consolidando o  espaço como um epicentro cultural.

Desde 2012, a Parques de Sintra – Monte da Lua assumiu a gestão da Escola, modernizando-a sem perder o respeito pela tradição. O Picadeiro Henrique Calado, requalificado em 2015, devolveu a arte equestre ao seu local de origem, em Belém, enquanto o Páteo da Nora acolhe as cavalariças e os treinos.

A Escola não só realiza apresentações públicas e cerimónias oficiais, como também promove a investigação, com a criação da Biblioteca de Arte Equestre D. Diogo de Bragança, um repositório único com 1.400 títulos, incluindo obras raras.

Para que a Arte Equestre se afirmasse no contexto de uma distinção internacional, viu ser necessária a inscrição desta tradição no Inventário Nacional do Património Nacional, em 2021,fruto do trabalho desenvolvido por duas entidades promotoras, a já referida Parques de Sintra e a Câmara Municipal da Golegã, concelho ribatejano que, todos os anos, promove a famosa feira nacional do Cavalo, com claro destaque para a raça lusitana.

Uma vez inscrita no inventário nacional, condição fundamental para uma futura pretensão ao estatuto de Património Imaterial (ou intangível) Humanidade, as entidades comprometeram-se a apresentar, no espaço de dois anos, um dossier que promovesse uma candidatura ganhadora, com o epílogo a ter lugar na 19ª sessão do Comité Intergovernamental para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, reunida na cidade de Assunção, capital do Paraguai.

A Arte Equestre portuguesa junta-se à já generosa lista de bens portugueses que alcançaram semelhante galardão atribuído pela UNESCO: Fado (2011); Dieta mediterrânica (2013); Cante alentejano, (2014); a Arte da Falcoaria, (2016); a produção de figurado em barro de Estremoz (2017) ; Entrudo de Podence (2019); Festas do Povo de Campo Maior (2021). Enquadradas na lista e Património Mundial imaterial de Salvaguarda Urgente encontram-se a manufatura de Chocalhos (Arte Chocalheira), classificada em 2015 e, ainda, o Processo de Manufatura da Olaria Negra de Bisalhães, distinguido em 2016, duas manifestações a viverem, atualmente, alarmante cenário de extinção.


Fotografia | Fonte: Parques de Sintra 


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