Causas Históricas do Ramadão
As origens e o património cultural do Ramadão...
Desde o dia 3 de abril e durante 29 dias as comunidades islâmicas celebram o mais sagrado mês do calendário tradicional, o mês do Ramadão, período em que os crentes do profeta Maomé se votam ao jejum, à reflexão religiosa e à vivência familiar.
É provavelmente das celebrações que o mundo mais tem presente quando falamos do património cultural representado pela religião islâmica, fundada pelo profeta Maomé no séc. VII da nossa era. O Ramadão é o nono mês do calendário tradicional islâmico, e, pelo facto de ser um calendário lunar, importa referir algumas especificidades: o calendário islâmico começa a ser contado a partir do episódio da vida de Maomé conhecido como a Hégira, caracterizado pela fuga do profeta de Meca para Medina e que terá ocorrido no ano de 622; composto por 12 meses, de 29 ou 30 dias, o ano tem a duração de 354 ou 355 dias; cada mês tem início quando a Lua surge, após o pôr-do-sol, pela primeira vez em quarto-crescente, após a Lua Nova (por essa razão é que muitos países muçulmanos têm uma Lua crescente na sua bandeira nacional); pelo facto do calendário islâmico ser 11 dias mais curtos que o gregoriano e, mais importante, por ser um calendário que se rege pelas fases da Lua e não pela posição do Sol no decurso do ano, os meses são volantes ao longo da passagem dos anos. Por essa razão, os seguidores de Alá já celebraram o Ramadão tanto no período das estações frias como no tempo mais quente. E será provavelmente neste último facto que encontramos a raiz do nome deste mês, encontrando-se relacionado com a palavra ramida, que na língua árabe significa “ser ardente”, o que poderá aludir à possibilidade do primeiro Ramadão ter sido celebrado no verão.
É o momento mais sagrado para a fé islâmica. Divide-se em três fases, cada uma com 10 dias: os primeiros conhecidos como os dias da misericórdia, em que os muçulmanos procuram conquistar a misericórdia de Alá; a segunda fase (do dia 11 ao dia 20) é dedicada na busca pelo perdão de Alá, e, finalmente, os últimos dez dias são vividos na procura da proteção de Deus.
A mais destacada particularidade do Ramadão é a prática do jejum (alimentar, mas também sexual) desde o romper da aurora até ao pôr-do-sol, um ritual de transcendental importância, reconhecido como o quarto dos cinco pilares do Islão (antecedido pela Fé, Oração, Caridade e procedido pela Peregrinação). O objetivo deste costume é convidar o crente para uma maior contemplação sobre os preceitos inscritos no livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, cujos textos terão sido revelados a Maomé precisamente no mês que agora se celebra.
Todos os adultos (inclusivamente as crianças a partir dos oito anos) realizam o jejum, até mesmo os atletas de alta competição, que se vêm obrigados a estruturar planos de alimentação específicos para minorar o impacto de uma abstinência tão prolongada na sua performance competitiva. Mas existem exceções: saúde, idade avançada, gravidez, amamentação ou menstruação são as principais justificativas para libertar os crentes dessa obrigação. E, caso quebrem o jejum sem qualquer razão plausível, serão penalizados com 60 dias de abstinência seguida.
A tradição do jejum inclui, contudo, duas refeições que são, por si mesmas um ritual integrante desta prática religiosa: a refeição da madrugada, conhecida como o Su-Hoor e o Iftar, momento que marca o final do jejum diário e que, mais do que uma refeição, é também um momento de partilha da fé, a que se segue uma reunião entre famílias que, juntas, se unem em oração.
Apesar de ser a característica mais marcante do tempo do Ramadão, esta data inclui ainda outros momentos que importa salientar como a comemoração do Laylat al Kadr, que ocorre entre o dia 26 e 27 de abril, à qual o Islamismo advoga ter sido a noite em que o profeta Maomé terá recebido a primeira revelação do Corão.
O final do Ramadão é também vivido de forma efusiva, com a celebração do Eid al Fitr, que ocorre na primeira noite da Lua Nova, iniciando desta forma o mês seguinte, com os três dias pós-Ramadão a serem vividos em clima de festa e de feriado, onde se destacam a distribuição de comida pelos mais pobres, a realização de gigantescos banquetes familiares e trocas de presentes.
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