Conver (diver) gência!

Conver (diver) gência!

Apesar de terem sido firmados inúmeros acordos e parcerias políticas entre os vários países europeus nas dezenas de anos após o final da 2º Guerra Mundial, a União Europeia como nós a conhecemos só nasceu em 1992, hoje pode-se dizer que embora adulta, ainda carece de alguma experiência e maturidade, tal e qual um jovem de 30 anos.

A União Europeia foi criada com uma série de objetivos, sendo a paz entre os países membros o mais importante de todos. Há que dizer que nesta dimensão e até ao momento (o amanhã é sempre incerto), tem sido um projeto de sucesso, embora em certos momentos e situações não tenha sido fácil manter-nos afastados das armas.

Apesar de termos uma guerra a decorrer às portas da união, podemos ainda nos orgulhar do sucesso deste objetivo primordial.

Outro dos grandes objetivos iniciais desta união de países era (e é) fomentar a coesão económica, social e territorial, um crescimento económico equilibrado e uma convergência económica ascendente.

A tendência de convergência económica e social entre os estados-membros, em muito estimulada pelos fundos e planos estratégicos europeus, teve um início prometedor e foi uma realidade nos primeiros 16 anos de vida. A partir de 2008 as tendências começaram a mudar, reflexo disso foi o desempenho dos Estados-Membros da União Europeia, que começou a ficar marcado por padrões de estagnação ou mesmo divergência.

A diversidade de resultados e o aumento das desigualdades nos vários países tem sido (e vão ser cada vez mais) uma preocupação. Para além de defraudar a expectativa de que o aprofundar a integração europeia conduz a uma maior coesão, podem também estimular o sentimento de injustiça social e desigualdade entre os cidadãos, levando ao aumento do sentimento antieuropeu no seio da união.

Será uma ingenuidade imaginar que 27 países conseguem falar a uma só voz?

Em bom rigor sabemos que, na maior parte dos assuntos, é bastante difícil conseguir um consenso, o leitor já deve ter tido essa sensação numa reunião de pais, família, de condóminos ou mesmo numa assembleia municipal. As pessoas são diferentes e como tal, têm no geral uma visão diferenciada do mundo, o que se traduz em objetivos e interesses diferentes.

A pluralidade é um pau de dois bicos, embora desejável para uma democracia forte, também consegue ser um verdadeiro colete-de-forças.

Em Portugal, os economistas são unânimes a afirmar que convergir é fundamental para se poder aliviar o défice e o peso da dívida pública. Quanto mais a economia nacional crescer, mais facilmente se consegue consolidar as contas públicas, logo menor será a pressão para cortar despesa ou subir os impostos.

E a rota de convergência de Portugal?

Ainda antes do início da pandemia em 2019, o Banco de Portugal já deixava o recado “a convergência da economia portuguesa com a União Europeia está estancada desde 1995”. Tal afirmação leva a crer que a última vez que Portugal esteve numa rota da convergência de forma consistente, foi no governo do agora “tão criticado” Cavaco Silva.

Nos últimos dois anos a realidade é que substituímos a palavra convergência por divergência. “Foi a Covid-19”, justifica-se o governo… Perante tal justificação apetece perguntar: Em termos de crescimento económico, os outros países não foram afetados pela Covid-19? Foi só em Portugal?

Talvez estas fossem boas perguntas para os elementos da pseudo oposição. Já antes da pandemia as coisas não estavam a correr de feição, em termos de PIB até tínhamos sido ultrapassados por mais dois países.

A verdade é que, em termos de PIB per capita em 2021, Portugal foi o sétimo mais baixo da União Europeia (UE). Segundo os dados do Eurostat Portugal está 26% abaixo da média comunitária.

Sou de opinião que os governantes Portugueses deviam ambicionar e trabalhar para conseguirmos um PIB per capita similar ao Francês, que está ligeiramente acima da média Europeia.

Acha o leitor que sou demasiado ambicioso? Sinceramente acho que não! Demasiado ambicioso seria atingir o nível do Luxemburgo, que quase triplica a média europeia.

Será por acaso que o país com o maior PIB per capita da União Europeia (Luxemburgo) tenha 15% dos seus trabalhadores Portugueses? Temos em Portugal "maus" trabalhadores? Ou o problema estará na nossa política?


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