Desconforme-se! Dê o salto para a mudança
Desconforme-se! Dê o salto para a mudança

Desconforme-se! Dê o salto para a mudança

Sempre que tenho oportunidade de visitar o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, faço uma visita mais prolongada à estátua de “O Desterrado”. É daquelas coisas que não consigo evitar...

A escultura não é uma das artes da minha preferência, mas esta estátua sempre me tocou de uma forma especial. Talvez pela aura de mistério que a envolve. Se conhecerem a estátua, irão certamente reparar que “O Desterrado” evoca insatisfação, entre outras emoções.

O Desterrado Museu Soares dos Reis

Fotografia | "O Desterrado" Estátua do Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, Portugal.

Perante um estado de insatisfação, podemos tomar várias atitudes. Uma delas será o conformismo. Sentimo-nos insatisfeitos, mas acabamos por aceitar o que temos, o ponto da vida em que nos encontramos, porque nos dá segurança e algum conforto, pois sabemos com o que contar. Mas o ser humano é por natureza ambicioso e inconformado, pelo que, para outros, a insatisfação será o mote para a mudança.

Para mim “O Desterrado” será a figura que está algures entre estes dois estados: não está totalmente conformado com o que tem, mas ainda não fez nada para mudar.

Este é o ponto crítico em que muitas vezes paramos na nossa vida, aguardando que a resposta sobre o que fazer nos surja como que por milagre. O ideal seria mudar, mantendo o conforto. Mas, claro está, a mudança implica sempre pular para o desconhecido e arriscar.

De facto, um processo de mudança, de uma forma simplista, consiste em traçar um plano de ação para se ir de um ponto A para um ponto B. Dito desta forma, aparenta ser muito fácil. Os problemas surgem quando começamos a avaliar os riscos, a ponderar os imprevistos... E o cansaço só de pensar neles, abate-se sobre nós, retirando-nos a vontade de proceder à mudança.

Pode dar-nos alguma segurança melhorar o autoconhecimento e avaliar, com sinceridade, o quanto nos irá custar iniciar um processo de mudança, ou não o fazer, para podermos comparar e tirar conclusões. Este processo, de comparar os custos para a nossa vida de mudar, ou não, ajuda-nos a estruturar melhor o nosso pensamento.

Por norma, emocionalmente gostamos da mudança, da novidade. Mas racionalmente somos mais ponderados. A ideia será ter a “big picture” de uma coisa e outra, pois se visualizarmos os resultados, será mais fácil convencer o cérebro a aceitar os custos da mudança.

Por outro lado, é preciso perceber que não mudar também tem custos e que a insatisfação, sendo do foro emocional, não desaparecerá de repente, mas tenderá a aumentar.

Um processo de mudança não precisa de ser uma coisa radical, ou seja, não consiste em deixar para atrás uma vida em frente ao computador, para se dedicar a uma carreira artística – mas até poderá ser! A mudança começa por coisas pequenas, como criar o hábito de fazer uma caminhada alguns dias por semana, beber mais água ao longo do dia, ler mais livros e passar menos tempo nas redes sociais.

Para estas pequenas mudanças, o processo será rápido e simples. Nas situações mais complexas, poderá ser necessário, inclusive, fazer algum investimento. Veja o caso da mudança de carreira, que poderá implicar investir em formação numa área específica, aprender uma nova língua, estar disponível para mudar de cidade, ou país, etc. Nestes casos, a mudança deve ocorrer de forma gradual, em fases diversas, até chegar ao objetivo final.

Se este for o seu caso, lembre-se que, para traçar o plano de ação, deve delinear o caminho para um objetivo final, com pequenas metas que vão sendo conquistadas ao longo do trajeto, de forma sequencial, sendo que do cumprimento das primeiras dependem as seguintes. É fundamental que monitorize e avalie este caminho, porque poderá ser necessário efetuar ajustes consoante a sua satisfação com os resultados obtidos. Por outro lado, ao definir pequenas metas e ao celebrar a sua conquista, a sua motivação vai-se mantendo acesa e terá mais ânimo para continuar.

Procure manter sempre o equilíbrio entre as suas emoções e o seu lado mais racional porque, inevitavelmente, a dada altura do processo ambas irão puxar, mas em direções opostas. Como já vimos, as suas emoções vão querer uma mudança, mas sem problemas, sem riscos, sem desconfortos e rapidamente; já a razão vai querer mudar com prudência, para ter tempo de superar as dificuldades que vão surgindo. É neste ponto que celebrar pequenas conquistas pode ser uma mais-valia, porque ajuda a ver a distância do início ao fim do caminho um pouco mais curta. Imagine que vai atravessar uma grande avenida e celebra a cada quarteirão que passa.

Olhando de novo para “O Desterrado”, fico com a sensação de que poderia trazê-lo comigo nesta aventura, retirando-o daquele impasse em que se encontra desde a sua criação. Não porque precise que validem as minhas escolhas, mas porque é sempre mais animado ter alguém com quem partilhar a experiência. Pense no seu caso concreto. Quem poderia arrastar para uma aventura de mudança de vida consigo? No entanto, mesmo que não leve ninguém, encontre algum entusiasta com quem partilhar as suas conquistas e dificuldades, chamando-a à razão se necessário — porque também pode ser útil!

O importante é que tenha truques para não cair no impasse. Este não é mais do que um medo. Agora seria o momento em que deveria dar-lhe um truque infalível para acabar com os medos. Contudo, e lamentavelmente, não o posso fazer, porque não existe tal truque. A única forma de acabar com os medos é mesmo enfrentá-los corajosamente. E quanto mais adiar pior será, pois o que começou por ser um pequeno medo, acaba a transformar-se num trauma para a vida e daqui poderão derivar alguns bloqueios.

Mantenha-se certa de onde quer chegar. Dessa forma, os medos e obstáculos que encontrar pelo caminho, serão meros desafios que deve enfrentar, conquistar e vencer. Como já deve ter experimentado antes, sempre que ultrapassa desafios e medos na vida, está a enriquecer-se como pessoa, e a tornar-se mais forte e mais sábia. Desconforme-se! Acredite em si e dê um salto em direção à sua mudança.


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