
O Poder do Presente na Transformação Pessoal
Caminhar a vida: viver o instante na mudança passa....
Tendemos a repetir padrões de comportamento. O que é que nos bloqueia, apesar do nosso desejo de continuar, de seguir em frente, de mudar e prosseguir?
Muitas vezes não sentimos o presente vivido como um instante de mudança. O instante é presente, embora “temperado” com “pitadas” de passado e futuro. O passado não se apaga, não se esquece e não se deixa para trás, ele só é verdadeiramente útil quando serve de tesouro sempre aberto, sempre disponível a ser descoberto e transformado. Quando algo já não funciona como antes, urge seguir em frente e acolher a mudança que cada momento, que cada instante da vida nos traz.
Quando as coisas não andam bem, tendemos a pensar que o tempo resolverá. Tendemos a pensar que algo acontecerá para resolver a situação, e sentimo-nos dececionados quando tal não ocorre. O tempo só resolve o que não tem força, o que deixou marcas leves, aquilo que naturalmente perde força com o tempo e que de certa forma está bem resolvido dentro de nós. É o caso do luto saudável (de pessoas, de coisas, de funções, e oportunidades).
No entanto existem comportamentos que estão “gastos”, são comportamentos que pedem que algo mude, mas que teimamos em não permitir que tal aconteça, não mudamos e prosseguimos com o que se gastou. Quando assim é, ainda não é o tempo, ainda não estamos prontos para mudar.
Muitas vezes as pessoas evitam contactar com o fim das coisas, com a possibilidade de fechar, de encerrar e concluir as situações e relações tóxicas. Antes de as terminarem, antes de as mudarem repetem as situações uma e outra vez…prosseguir sem converter a experiência em recordações e em benefícios para o presente e futuro é como caminhar com pés para a frente e cabeça para trás. Como refere Coimbra de Matos “ao olhar para trás enquanto caminhamos para a frente, certamente cairemos num buraco” por o não termos visto, assim não teremos como seguir em frente.
Muitas pessoas tendem a manter-se em situações e relações tóxicas apesar de sentirem e saberem que estas lhes fazem mal, ou seja, resistem à experiência de perda e à necessidade de mudança. Resistem à necessidade de seguirem em frente apesar do passado. Pensamos que a mudança ocorrerá noutro lugar. Mas a mudança apenas acontece a partir do que somos e de onde estamos, pelo que somos e podemos vir a ser.
O que nos impede de mudar?
Muitas vezes estamos no caminho, mas não a caminhar. Sabemos que muito dificilmente alguém dará um passo em frente para novas possibilidades e alternativas, se não acredita que está devidamente preparado (equipado). Mais uma vez como refere Coimbra de Matos: “ninguém avança para novas ‘terras’, para novos horizontes se considera que não ‘tem nada em mãos’ que lhe permita avançar”.
Vive o Instante que Passa
“Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E, no entanto, ele é o único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti. Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento”.
Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de o não teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim.”
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV'
Seja o que for aquilo que nos tocou viver, isso, o que vivemos, é um recurso que pode e deve ser utilizado para nos enriquecer, para nos nutrir e servir de referência com o objetivo de no presente e futuro podermos não comete os mesmos erros (ou pelo menos suavizá-los).
As nossas histórias servem para melhorar nossa qualidade de vida, de forma a que nos sintamos tanto acompanhados pelas recordações boas, como orgulhosos de ter sobrevivido às experiências traumáticas (ou menos boas). Capitalizando-as desse modo para os demais ou para nós próprios. Só é possível ultrapassar as dificuldades quando nos dispomos a admiti-las, conhecê-las e enfrentá-las, pois como refere Flávio Gilovake : “cada um tem o seu ritmo e, por vezes, as mudanças são mesmo difíceis, trabalhosas e lentas. O importante é cada um consciencializar-se de que mudar faz sentido, que há um porquê e um para quê bem consistentes, cujas recompensas sólidas trarão benefícios suficientes para contrabalançar as eventuais perdas que a renúncia à situação atual pode implicar”.
Sugestões de leitura |
• Coimbra de Matos, A. 2019. Laço de Seda, Mente de Diamante. Climepsi.
• Gikovate, F. (2014). Mudar: Caminhos para a transformação verdadeira. MG Editores.
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