Tempos desafiantes: O que aí vem?

Tempos desafiantes: O que aí vem?

“As nossas vidas são como o movimento do sol.
Na hora mais escura,
existe a promessa da luz do dia”

Autor anónimo.

A vida e a sua existência humana inevitavelmente confrontam o Homem com o que aí vem, e o que vem, ele não sabe. Pode antecipar, pode prever em parte, mas com certeza não o saberá. Para o humano viver tem de gerir o que já sabe, o que não sabe, adequar expetativas e adaptar-se constantemente ao ritmo e ao tom da dança da vida. Terá de o fazer não apenas por si e para si, mas em conjunto com os todos os outros que compõem o seu ambiente relacional e afetivo, embora sempre com a humanidade por inteiro como base para o seu chão de vida.

A atualidade pede novamente ajuste da vela do barco que nos transporta, o vento da história virou e há que saber reorientar o destino.

Na senda de Edgar Morin, recordamos que é urgente aprender com a História, pois o inesperado acontece e acontecerá fruto da eterna ciranda de uma vida que pulsa evolutivamente. Recorrentemente instalamo-nos em certezas, colamo-nos a estatísticas. As previsões viram verdades, iludimo-nos com estabilidades aparentes, quando muitas vezes tudo não passa já de um anúncio para a próxima crise. E mais uma vez teremos de criar, teremos de inventar, teremos que ressignificar, teremos que esboçar novos gestos, trilhar o novo e arriscar o desconhecido.

Como defende Morin: “temos que aprender a viver com a incerteza, ou seja, ter a coragem de enfrentar, estar disposto a resistir às forças negativas. A crise deixa-nos mais loucos e sábios. Uma coisa e outra.”

O chão existencial instável que experimentamos na atualidade exige solidariedade e reconhecimento mútuo. Reconhecimento de uma humanidade conjunta e de destino comum. Só assim se faz face às ondas de choque da História Humana com o menor dano possível. Face às crises, a solidariedade, não apenas no gesto de cuidado, de abrigo e hospitalidade ao outro e ao próprio, mas também numa progressiva tomada de consciência da degradação e decadência do modelo de civilização em que vivemos.

O modelo de desenvolvimento humano atual está caduco, desatualizado, em contramão com reais necessidades humanas e do Planeta. O apelo à indignação aí está, mas que não nos paralise, que nos impulsione à luta por uma vida mais justa e digna. Os Gregos no período clássico tinham como princípio ético emergente da sua Paideia, o respeito pela vida humana – todo o Homem deve viver e morrer com dignidade e honra.

Em crise escutamos o apelo de uma vida nova, urgente e necessária. Com uma vida nova, queremos dizer outros padrões de desenvolvimento, nomeadamente uma economia à escala humana, fora da roleta russa do casino mundial dos grandes poderes financeiros e económicos. Uma vida nova anuncia novas formas de relacionamento, de produção, de trabalho e desenvolvimento humano. Falamos e defendemos uma vida nova que desperte e concretize novas formas de cuidado de si, do outro e do planeta.

Terminamos pela mão de Herman Hesse que nos relembra: “a cada apelo da vida deve o coração estar pronto a despedir-se e a começar de novo, para com coragem e sem lágrimas se entregar a outras e novas relações”.


Sugestões de leitura |
Hesse, H. (2017). O jogo das contas de vidro. Leya.
Morin, E. (2016). A Via para o Futuro da Humanidade. Edições Piaget.
Mumford, L. (2021). As Transformações do Homem. Antígona.

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