
Natal...mas pouco!
Nesta fase do ano e por tradição, costumo viver e respirar o espírito natalício, ainda no decorrer do mês de novembro normalmente surgem as preocupações com as prendas, os primeiros acordes musicais, as luzes coloridas, o frio conjugado com a castanha assada da baixa Lisboeta. Mesmo tendo deixado de acreditar no pai natal há muitos anos, esta época costumava mexer comigo.
Este ano…nada!
Não consigo sentir nada, uma dose generosa de insensibilidade percorre-me as veias. Estará relacionado com o aniversário dos 20 meses de pandemia? Ou nada a ver?
Quatro meses passaram desde a última visita ao cabeleireiro, não compro um par de sapatos ou uma echarpe nova desde o inverno passado, até a pessoa mais distraída do mundo (o meu marido) já percebeu que estou diferente, algo mudou em mim.
Se neste momento está o leitor a pensar que me fartei da minha cara-metade, asseguro-lhe que está enganado, não é isso. Creio que a resposta é mais profunda, mais visceral.
Ao invés de pensar onde vou comprar um pijama novo para oferecer ao meu companheiro (que bem precisa), dou por mim a sonhar com viagens, destinos de sonho, calor, praia…será assim a famosa pré-menopausa?
Qualquer coisa é motivo para viajar, no calor do sofá bem pertinho do conforto da lareira, os olhos fecham-se e lá vou eu…
Eis quando, assim do nada ouço o ancestral pivô do telejornal anunciar: “Na madrugada desta terça-feira, a ilha caribenha de Barbados tornou-se uma República, cortando laços com a rainha Elizabeth II, eliminando assim o último vestígio do seu passado colonial”. O jornalista ainda continuou com: “uma cerimónia com a presença de centenas de oficiais, um príncipe (Carlos) e pelo menos uma estrela pop (Rihanna)”, mas entretanto eu já estava longe…em 2009, mais precisamente no dia 31 de outubro desse ano.
Terá o leitor que perceber que o dia de casamento é sempre um dos dias mais importantes da vida de uma mulher. O vestido? O anel? As fotografias? Os amigos e família? Tudo isso e muito mais!
Foi uma cerimónia tranquila, todos disseram que sim, sem escândalos, comeu-se bem e nem sequer houve excessos (álcool), mas o melhor foi o que veio a seguir…
Dou uma pista: escreve-se com duas palavrinhas apenas, uma é um satélite natural e a outra é um tipo de açúcar saudável. Simmmm, lua-de-mel!
Onde? Por esta altura pensei que já tivesse seguido os grãozinhos de milho… Barbados é claro! Esta ilha caribenha de água azul esverdeada tem algumas daquelas paisagens que idealizamos quando pensamos nas Caraíbas. A beleza e a tranquilidade de um ritmo muito próprio embrulhado numa atmosfera natural e autêntica.
Dou por mim a sorrir, relembrar é viver. Por mais que o tempo passe, parece que ainda foi ontem… acordar no Waves Resort Hotel & Spa, na famosa Platinum West Coast mesmo em frente à praia. Volvidos 12 anos, o nome evoluiu para “Mind and wellness boutique hotel”, são as novas tendências.
Ainda consigo sentir o cheiro do mercado de peixe de Oistins (que ao contrário do que se possa pensar, ocorre às sextas-feiras à noite), jantares à luz de velas, passeios de barco ao por do sol, snorkel de braço dado com as tartarugas, a gruta de Harrison´s ou a fábrica de rum Mount Gay…Consegui falar de tudo menos do principal…as praias! Neste departamento já não consigo lembrar-me de todas, ficaram apenas as inesquecíveis: Accra Beach, Dover Beach, Crane Beach, Sandy Beach e North Point. Uma ilha de beleza incontornável, quase 30ºC de temperatura, águas quentinhas o ano todo…enfim, um verdadeiro paraíso, memórias sem preço.
Sem aviso prévio os olhos abrem-se, a realidade é outra: covid-19, frio, chuva, natal, dezembro e zero presentes até ao momento. “OMG”, acorda para a vida moça!